quinta-feira, 12 de abril de 2012

Maconha: é hora de legalizar?


Shutterstock

Fumar maconha em casa e na rua deveria ser legal? Legal no sentido de lícito e aceito socialmente, como álcool e tabaco? O debate sobre a legalização do uso pessoal da maconha não é novo. Mas mudaram seus defensores. Agora, não são hippies nem pop stars. São três ex-presidentes latino-americanos, de cabelos brancos e ex-professores universitários, que encabeçam uma comissão de 17 especialistas e personalidades: o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, de 77 anos, e os economistas César Gaviria, da Colômbia, de 61 anos, e Ernesto Zedillo, do México, de 57 anos. Eles propõem que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como “baseados”, ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha é um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa – aquela que, na gíria, “dá barato” – se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC.
Na Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, reunida na semana passada no Rio de Janeiro, ninguém exalta as virtudes da erva, a não ser suas propriedades terapêuticas para uso medicinal. Os danos à saúde são reconhecidos. As conclusões da comissão seguem a lógica fria dos números e do mercado. Gastam-se bilhões de dólares por ano, mata-se, prende-se, mas o tráfico se sofistica, cria poderes paralelos e se infiltra na polícia e na política. O consumo aumenta em todas as classes sociais. Desde 1998, quando a ONU levantou sua bandeira de “um mundo livre de drogas” – hoje considerada ingenuidade ou equívoco –, mais que triplicou o consumo de maconha e cocaína na América Latina.
Em março, uma reunião ministerial na Áustria discutirá a política de combate às drogas na última década. Espera-se que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, modifique a posição conservadora histórica dos Estados Unidos. A questão racial pode influir, já que, na população carcerária americana, há seis vezes mais negros que brancos. Os EUA gastam US$ 35 bilhões por ano na repressão e, em pouco mais de 30 anos, o número de presos por envolvimento com drogas decuplicou: de 50 mil, passou a meio milhão. A cada quatro prisões no país, uma tem relação com drogas. No site da Casa Branca, Obama se dispõe a apoiar a distribuição gratuita de seringas para proteger os viciados de contaminação por aids. Alguns países já adotam essa política de “redução de danos”, mas, para os EUA, o cumprimento dessa promessa da campanha eleitoral representa uma mudança significativa.
A Colômbia, sede de cartéis do narcotráfico, foi nos últimos anos um laboratório da política de repressão. O ex-presidente Gaviria afirmou, no Rio, que seu país fez de tudo, tentou tudo, até violou direitos humanos na busca de acabar com o tráfico. Mesmo com a extradição ou o extermínio de poderosos chefões, mesmo com o investimento de US$ 6 bilhões dos Estados Unidos no Plano Colômbia, a área de cultivo de coca na região andina permanece com 200 mil hectares. “Não houve efeito no tráfico para os EUA”, diz Gaviria.
Há 200 milhões de usuários regulares de drogas no mundo. Desses, 160 milhões fumam maconha. A erva é antiga – seus registros na China datam de 2723 a.C. –, mas apenas em 1960 a ONU recomendou sua proibição em todo o mundo. O mercado global de drogas ilegais é estimado em US$ 322 bilhões. Está nas mãos de cartéis ou de quadrilhas de bandidos. Outras drogas, como o tabaco e o álcool, matam bem mais que a maconha, mas são lícitas. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos. O comércio é regulado e controla-se a qualidade. Crescem entre estudiosos duas convicções. Primeira: fracassou a política de proibição e repressão policial às drogas. Segunda: somente a autorregulação, com base em prevenção e campanhas de saúde pública, pode reduzir o consumo de substâncias que alteram a consciência. Liderada pelos ex-presidentes, a comissão defende a descriminalização do uso pessoal da maconha em todos os países. “Temos de começar por algum lugar”, diz FHC. “A maconha, além de ser a droga menos danosa ao organismo, é a mais consumida. Seria leviano incluir drogas mais pesadas, como a cocaína, nessa proposta”.
Fotos: Torsten Blackwood/AFP, Gabriel de Paiva/Ag. O Globo e Wilton Júnior/AE
EXPERIÊNCIA
Os ex-presidentes Ernesto Zedillo, César Gaviria e Fernando Henrique (da esq. para a dir.), em encontro no Rio, na semana passada. Eles defenderam a revisão das leis contra as drogas e a descriminalização da posse de pequenas quantidades de maconha

O que pode parecer a conservadores uma tremenda ousadia não passa, na verdade, de um gesto simbólico do continente produtor de drogas, a América Latina. Um gesto com os olhos voltados para o Norte, o hemisfério consumidor por excelência. Nos Estados Unidos, ainda se encarceram usuários na maioria dos Estados, e a Europa faz vista grossa ao consumo, mas não muda sua legislação. A comissão latino-americana acha “imperativo retificar a estratégia de guerra às drogas dos últimos 30 anos”. Nosso continente continua sendo o maior exportador mundial de cocaína e maconha, mas produz cada vez mais ópio e heroína e debuta na produção de drogas sintéticas. Um maior realismo no combate às drogas, sem preconceito ou visões ideológicas, ajudaria a reduzir danos às pessoas, sociedades e instituições.
Há quem discorde dessa visão, com base em argumentos também poderosos. Com a liberação do consumo da maconha, mais gente experimentaria a droga. Isso aumentaria o número de dependentes e mais gente sofreria de psicoses, esquizofrenia e dos males associados a ela. Mais gente morreria vítima desses males. “Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada”, afirma Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista que trabalha no Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid). “Legalizá-la significaria torná-la disponível e sujeita a campanhas de publicidade que estimulariam seu consumo”


Liberar ou não liberar?
Vidas e recursos seriam economizados com a legalização das drogas, mas o número de viciados seria maior
Revista ÉpocaRevista Época
  • Menos pessoas morreriam no combate ao tráfico
  • As violentas disputas entre traficantes pelo mercado de drogas não terminariam
  • Centenas de bilhões gastos todo ano por governos do mundo todo com a repressão às drogas poderiam ser investidos em outras áreas
  • Com mais viciados, poderia haver um aumento no número de crimes cometidos, em busca de dinheiro para sustentar o vício
  • Poderia haver redução da criminalidade, pois muitos crimes são cometidos para financiar o tráfico
  • Poderia haver um aumento no número de dependentes, pois as drogas seriam mais baratas e acessíveis
  • Haveria menos presos apenas por uso de drogas e, portanto, haveria mais espaço nas cadeias para criminosos perigosos
  • Grandes indústrias poderiam distribuir drogas e, como fazem com cigarros ou álcool, incentivar seu consumo
  • Poderia haver maior controle de qualidade das drogas, o que reduziria o número de mortes
  • Os sistemas públicos de saúde gastariam mais com o tratamento dos dependentes

Eles já foram punidos
Esportistas e artistas tiveram problemas pelo uso da maconha
Gail Burton
Michael Phelps
Nadador
O campeão olímpico foi suspenso por três meses por ter sido fotografado inalando maconha em uma festa
Rogério Albuquerque
Soninha
Vereadora
Ela perdeu o emprego de apresentadora na TV Cultura porque disse a ÉPOCA, em 2001, que fumava maconha
 Leonardo Aversa
Marcelo D2
Cantor
Ele afirma fumar maconha todos os dias e já foi preso após um show, quando defendeu a liberação da droga
Marcos Ramos
Marcello Antony
Ator
Foi preso em 2004 quando comprava uma pequena quantidade de maconha de um traficante
Deco Rodrigues
Giba
Jogador de vôlei Foi suspenso do esporte em 2003 porque um exame antidoping acusou o uso de maconha 

17 comentários:

  1. A maconha, no Brasil, deveria ser legalizada visto que em alguns dos países de 1º mundo a Cannabis Sativa é vista e usada como droga lícita, e chega até mesmo à ser comercializada como analgésico. A maconha ainda pode ajudar na perda de apetite em pacientes com AIDS ou câncer, e recentes estudos demonstram que a droga pode ajudar no tratamento do mal de Parkinson.

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  2. Somos a favor da legalizaçao da maconha!!!!!

    A legalizaçao da maconha deveria ser mais rigorosas perante ao uso proprio da pessoa,pois ha usuarios que nao respeitam locais publicos. No caso do tabaco,foi legalizado em locais abertos e arejados, da mesma forma deveria ser o uso da maconha.
    Como em algumas cidades da Alemanha a "bares" que e permitido a venda e o uso da maconha como se fosse bebida álcoolica.Assim deveria ser feito no Brasil, para haver uma diminuiçao do trafico.

    Anderson 3ºb nº3
    Rafael 3ºb nº32

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  3. A legalização da maconha,influenciaria em toda nossa sociedade.Causando maior gastos com tratamentos de dependentes químicos,aumentando a taxa de mortalidade,tráficos e maiores disputas por áreas estratégicas de venda causando maior violência civil, alem de prejudicar a saúde e comprometer o estado psicológico do usuário.Portanto por essa razão somos contra a legalização.

    Cometário dos Alunos: Luiz e Keytiane

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  4. A favor da legalização da Maconha.
    A legalização da droga não envolve só os dependentes químicos envolve a medicina em si , cannabis sativa possui propriedades medicinais. O cannabinóide tetrahidrocannabinol, é capaz de destruir células de leucêmicas.A Farmacologista e Neurocientista Daniele Piomelli afirma com convicção que :
    “A maconha é uma das substâncias mais seguras que existem”
    No caso dos dependentes químicos , a legalização não somente quer liberar o uso, ela tem toda uma estrutura para que essa legalização aconteça, assim como nos países que já adotaram , serão montados postos que contarão com psicólogos e profissionais qualificados para dar suporte aos dependentes , aos quias a todos os momentos terão estrutura para lagar o vício.A liberação também diminuiria de uma forma quase nula , o narcotráfico.
    Desse modo concluímos que a a legalização ajudaria os dos lados da história: A medicina e a sociedade.

    Ariana Porto e Mikaela Cristina , respectivamente números 05 e 29.

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    1. Alunas,
      Não acredito que a legalização da maconha traria benefícios à sociedade, visto que regras básicas de convivência, de trânsito e do próprio uso do cigarro não são respeitadas. Acho que seria um caos!Porém, para uso médico, acredito que seria de grande valia, pois diminui a dor de doente terminais.

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  5. Somos a favor da liberação pelos seguintes motivos:

    1º - Se o álcool – que é droga pesada, causa dependência e males sociais bem maiores que a maconha – é legal, por que não liberar a maconha?

    2º - Usar drogas é um direito de qualquer indivíduo. Desde que ele responda pelos erros cometidos sob seu efeito.

    3º - Com a liberação, o preço cai e o dependente não tem que roubar para comprar a droga. Ele vai usá-la, legalizada ou não .

    4º - Acabaria o tráfico de maconha (ou existe traficante de álcool?). A Lei Seca tentada pelos EUA é prova de que a proibição leva ao tráfico.

    5º - O Estado daria assistência médica e psicológica aos dependentes e controlaria a qualidade da droga .

    Ou se legaliza a maconha ... ou se criminaliza o álcool. A sociedade deve escolher.


    Comentários dos alunos: Alexandre Cesário n°01 , Ariele Cristine n°07 , Caio Leone n°09 , Gustavo Lorenzotti n°18 _ 3°B

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    1. Apesar dos prós que vocês escreveram não concordo com a legalização da maconha. Nosso país não tem planejamento nem estrutura para lidar com tal situação.Em países como, por exemplo, a Holanda, a violência e o baixo rendimento escolar são consequencias do uso da maconha.

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  6. Cassiano,Anderson, Rafael, Keyte,
    Meninos, acredito que a legalização da maconha no Brasil causaria enormes transtornos como exemplificaram muito bem Keite e Luiz. Infelizmente, poucos respeitam as leis e exercem sua cidadania devidamente em nosso país. Na Holanda, o uso lícito da maconha tem trazido enormes transtornos às cidades onde o uso é liberado, muitos moradores venderam suas residências por valores abaixo do custo, o aproveitamento escolar dos usuários caiu e muitos abandonaram seus lares devido a conflitos familiares.
    Devemos refletir muito bem sobre esse assunto.

    Keite e luis, favor refazer a pontuação do texto

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  7. REFEITO!!

    A legalização da maconha influenciaria em toda nossa sociedade,causando maior gastos com tratamentos de dependentes químicos e aumentando a taxa de mortalidade.Afirmo esta opinião baseando em fatos, apenas este ano, foi que cientistas da Nova Zelândia puderam comprovar algum mal relacionado ao fumo da maconha. Como toda fumaça, ela causa câncer.Pode-se dizer que a maconha provoca uma leve euforia, distorções espaço-temporais, alteração do humor, taquicardia, dilatação dos vasos sanguíneos oculares, secura da boca e tontura.Talvez você, como eu, não goste de maconha e não aprove seu uso. Mas, convenhamos,os danos fisícos e psicológicos não há compensação no uso.
    Keyti e Luiz n° 22 e 24

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    1. Parabéns

      Sua opínião e a pontuação ficaram ótimas.

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  8. A maconha deve ser legalizada pois a maconha mesmo sendo proibida á muitos usúarios quem usam entorpecentes e não são proibidos, vai haver mais espaços nas prisões.

    Edvan e Ezequias, 11 e 12.

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  9. Visto que o álcool causa maiores danos e perdas na sociedade, como por exemplo, acidentes de trânsito e mesmo assim é comercializado livremente para maiores de 18 anos, não vejo motivo para não legalizar a maconha.
    "O homem bêbado amola uma faca e comete um grande erro,
    o homem que faz uso da maconha amola uma faca e diz: a vida lhe ensinará"
    Bob Marley

    Cassiano Lopes 3ºB nº10
    Gabriel Henrique 3ºB nº14
    Leonardo Maia 3ºB nº23

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  10. Edvan, Ezequias e Leonardo.
    Gostei de vocês terem participado, porém, favor refazer o texto refletindo sobre o seu sentido, repetição de palavras e ausência de consistência nos argumentos.

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  11. sou contra,pois com a liberalização da maconha não diminuirá à liberação da maconha no Brasil favorecerá o tráfico e não diminuirá a violência no país, segundo o procurador de Justiça de São Paulo Marcio Sergio Christino, especialista na área de crime organizado.Christino também considera “falácia o argumento de que a maconha é uma droga leve, que pode até ser usada para fins medicinais. “É um tema polêmico na medicina, mas até hoje não se conseguiu isolar um princípio ou um determinado efeito da maconha que não possa ser feito por outras espécies de medicamentos. É mais um subterfúgio usado para justificar o consumo. Apesar de ser uma droga considerada leve, o fato é que o simples consumo da maconha já serve como elemento alterador de consciência. E isso é um fato inegável. Leve ou não, ela é uma droga”.

    Luiz Ricardo nº24 3b

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  12. A maconha é uma droga muito forte pois uma vez usada pode durar para o resto da vida de uma pessoa ,porem sou a favor se for para ser utilizada como remédios para pessoas com certo nível de desturbios mentais ,pois as dores ou depressões podem ser reduzidos ,porem trazem muitos riscos pois a pessoa que usa esse tipo de medicamento pode ficar vendo alucinações que deseja,se com doentes que podem usar esse tipo de medicamento e causa esse efeito imagine com pessoas que não são doentes.

    nome: Edvan dos Santos Souza n°:11

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